Infância II

[...] Depois de algum tempo de adaptação, o mundo real tornou-se numa montanha russa, cheio de emoções. As pessoas eram diferentes, corriam riscos, eram independentes e aventureiras. Fiz os 16 a festejar pela primeira vez na "rua". Aprendi a usufruir da nova liberdade e a escolher diferentes caminhos. Criei vários laços, vários grupos de amigos e saboreei, como era bom ter mais grupos de amigos que os dedos da própria mão. Comecei a perceber que ter vindo de uma escola privada tinha as suas vantagens. Tirar boas notas não fazia de mim nenhuma "betinha".

Aos 17 aquele mundo era o meu e a minha vida delineava-se da maneira que eu queria. Tornei-me numa "craque" dos matraquilhos e do pingue-pongue. Continuei a escrever, a pintar e em vez de destruir computadores, comecei a fazer o que todos faziam: o vicio do IRC. Depois veio o vício das fumaradas e das gargalhadas no café. Fazia parte do grupo do gozo e apesar de um pouco maldosos, não havia "personagem" que escapasse. As aulas tornaram-se sessões de comédia e lembro-me de rir satíricamente, enquanto via a I. colocar o livro debaixo do rabo nos testes, a J. levar os testes feitos, o J. receber as cábulas agrafadas ao teste e a Joana fazer o teste de alemão da turma.

Aos 18 já não se brincava, os exames eram algo mais sério, mas ainda dava tempo para viajar, experimentar desportos radicais e torcer alguns dedos. Comecei a dar-me mais com o pessoal mais velho e houve uma grande mudança na maneira de estar. Os caminhos começaram a bifurcar-se e cada um escolheu o rumo universitário, pela primeira vez. Havia um misto de curiosidade, ansiedade quanto à essa nova etapa da vida. A independência iria ter de se tornar num ponto assente.

" - ..hmm.. bem, eu não sei bem como perguntar mas, também há toques aqui? "

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