Passado o arrepio de tal coincidência, há gestos maravilhosamente doces.
Um senhor na casa dos oitenta chega à praia, com um ar muito simpático, pede à primeira moça que encontra, para lhe guardar durante pouco tempo, a sua t-shirt, os ténis e uma bolsa. Queria ir fazer uma caminhada à beira-mar, mas tinha receio de ficar sem os seus pertences. Alegre, explica que adora passear ao pé do mar e descansa a moça, que não vai demorar muito tempo.
Lá foi ele, de costas morenas e sorriso no rosto, dar a sua caminhada, enquanto os seus haveres, organizados metódicamente na areia, aguardavam o seu retorno.
Quando voltou, fez algo que nem quem olhava, nem a moça estavam à espera.
Trouxe-lhe uma concha branca, ainda molhada, em sinal de agradecimento e lá se sentou, na areia sozinho, a descansar e saborear a sabedoria da idade.
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